Wednesday, June 10, 2009

3.0 de sanIDADE

Carla de 15_

Uma jovem como tantas. Com seus medos, anseios, motivações, cheia de alegria e cheia de amigos. Não pensava em viajar para longe, porque naquela época havia de ser feita economia dos pais pra poder pagar algo tão sonhado. Não pensava que esse tipo de acontecimento fosse possível, pelo simples fato de achar complicado e de outro mundo acreditar que uma “criança” pudesse atravessar o oceano e se virar em território estrangeiro. Viagem pra Disney? No way!!! Queria festa! Que dirá o tal “baile de debutantes”. Já naquela época eu achava tudo aquilo um saco. Não me interessava em ser apresentada à sociedade. Eu parecia ter a minha própria comunidade. Aquela das amigas confidentes, descobrindo o mundo juntas.

Ia a algumas festas de garagem, ou na sala da casa das amigas. Era o início da paqueras, porém nada sério e muito menos perto disso. Eu estava preocupada com o peso, me preocupava o que vinha pela frente no 2° grau da escola, começava a pensar no que poderia querer pra vida – o que eu quero ser quando crescer?

Fazia muita graça, mas ainda assim me sentia um pouco sem sal. Nada mais atraía aos outros do que a graça da menina, não a graça DE menina. Era breguinha, hoje penso, como pude sair de casa daquele jeito! God!!! Mas estava crescendo, tadinha... Meu mundo era a escola, os clubes, meu desenvolvimento como atleta – adorava vôlei – me sentia o máximo participando do meu treino normal e logo depois no das gurias maiores. Uau! Me metia até nos treinos das veteranas do Corinthians, onde minha mãe jogava. O fato é que alí eu me achava melhor. Podia estar entre as grandes também.

Era um tanto quanto submissa. Pros amigos eu sempre fui muito mais do que pra mim mesma. Certas vezes me arrependo, mas por outras sei que conquistei pessoas pro resto da vida.


Carla de 20_

Um pouco mais desinibida e curiosa, aos 20 eu comecei a viver e experimentar de tudo o que a juventude dos anos 80 poderia oferecer. Eram gostos, cheiros, sensações intensas. De tudo foi aprendizado, vivência e experiência. Foram os primeiros e memoráveis anos de faculdade – os melhores da vida – conhecendo gente de todo o tipo e com todos os jeitos. Um mundo complemente novo.

Lembro bem o que mais me chamou a atenção logo que mergulhei nesse universo. Guris x gurias não existia mais. Não havia mais a Guerra dos sexos que havia nos tempos de escola. Havia uma harmonia quase que perfeita entre ambos. Sem nenhum problema (a não ser até aquele momento na minha cabeça), o clube do bolinha e da luluzinha quase que não existia mais; todos conviviam e nem sempre precisava haver interesse sexual entre as partes (ou pelo menos eu era tonga demais pra não perceber). Mas enfim, era harmonioso. Quebrou um tabu na minha cabeça e achei ótimo reconhecer isso. Era uma sensação de liberdade e satisfação, todos éramos iguais.

Houveram mudanças radicais depois disso tudo, digo, do crescimento precosse. De uma hora para outra eu despertei do marasmo (sem arrependimentos) e resolvi sair um pouco da linha. Assustou a mim e aos meus pais num primeiro momento, mas não deixei escapar essa linha por entre os dedos. Apenas admiti os erros e os acertos como aprendizado e somei o bom pro meu crescimento e formação. Além de crescer, eu felizmente aprendi a aparecer.


Carla de 30_

Muito mais madura, porém consciente de que ainda tem muito o que acertar. Às vezes nem dá para acreditar que a vida era assim ou assado. A verdade é que tenho muito orgulho da geração a qual pertenço.

Me vejo crescida, independente em muitos pontos, mas frágil para outros tantos. Aprendi a lidar com as coisas sozinha – claro que depois de muitas aulas com os pais -, mas mais que isso, conquistar e dar valor pro que foi adquiro com esforço, dedicação e desempenho. O meu nível de exigência é proporcional aos anos que envelhecemos. Hoje sou tri chata quando as coisas não saem do meu jeito, ou pelo menos da forma que acho correta. Procuro a minha perfeição em todos os atos mesmo às vezes esquecendo que sou um ser humano. Sonho e busco a simplicidade, mesmo que às vezes à desejo perfeita também.

Quero a estabilidade, quero segurança e reconhecimento. Quero o mundo de volta, mas por certas vezes tenho medo do que ele pode me tirar. Já não anseio muito arriscar o incerto.

Por muitas vezes me sinto plena. Já tive a oportunidade maravilhosa de conhecer lindos lugares do mundo, já tive meu primeiro carro, já tenho meu próprio apartamento (quitado), já perdi o medo de moto e já comprei uma também. Tenho um namorado perfeito, não me interessa se não parecer para os outros, interessa que pra mim ele seja assim. Na conquista das pequenas coisas de uma forma tão gostosa, e tão natural sinto que a plenitude vem (também) de fora pra dentro. Amando e sendo amada, tendo com quem dividir toda essa felicidade conquistada e sentindo que ainda não perdi àquela graça.

Quero continuar amando muito, mas tenho plena consciência de que não posso viver só disso. Não quero deixar que o tempo e a responsabilidade que cai sob meus ombros me tire a alegria. Que o mesmo light que ponho no meu café da manhã, perdure pro restante do dia me trazendo brisas leves e resultados positivos do que é proposto pra vida.


Carla de 40_

Se Deus quiser, bem sucedida e tendo ao lado quem eu amo.

Bem menos preocupada com os medos do passado, mas preocupada em dar bons exemplos e quem sabe servir de guia, como mulher ou como profissional.

Talvez perturbada com o medo de ficar sozinha e o futuro prometido nos 30 fique perdido no espaço. Que a casa seja a casa dos sonhos, ou próxima disso. Talvez com filhos, talvez com cachorros e talvez viajando pelo mundo novamente.

Uma pitada de novo mundo também seria legal. Modernindade por todos os lados e eu podendo usufruir disso tudo num simples soar da voz, que tal?! Acho que não estamos mais tão longe disso. Quem sabe?!

Desejo que não me sumam os amigos e que a mim eles recordem e procurem. Que meus pais e irmãos estejam bem de saúde, corpo e mente sãos. E que eu possa (ainda) reclamar de cansaço, mas apenas por (ainda) trabalhar demais. Sempre em atividade.


O resultado da sanIDADE dos 30_

É chegado o tempo em que acabaram os ensaios para ser grande. Está mais do que na hora de simplesmente SER grande.

Não se espera mais mudar o mundo, porque felizmente já o fizemos no nosso saudoso tempo dos 20. Da sua melhor ou pior maneira que pudemos, nós já demos o jeitinho de projetar o nosso destino. O hoje é o resultado do que plantamos na nossa juventude. O dia de hoje nos faz muito mais fortes e decididos sobre os rumos que almejamos pras nossas vidas. Independentes e seguros de si. Embora não sejamos mais tão rebeldes, já não admitimos seguir os mesmos passos dos que já passaram. De tão fortes e crescidos, já somos donos do nosso caminho.

A busca incessante pela realização, pela aquisição e pela felicidade continua. Agora mais sana, mais real.

Não culpo as rugas que me surgem tímidas na face. Não me arrependo das coisas pelas quais já passei. Sinto apenas que fui justa com a minha vida, assim como havia de ser. Só assim me tornei o que sou hoje… uma mulher com o coração cheio e com toda lenha pra queimar!

Hoje faço 30 anos, muito feliz, obrigada;)

Bjus e +,

Carlinha*

1 comment:

paty said...

e eu tenho muito orgulho da mulher que se tornou...
bjo, te amo amiga!!!